Uma questão de palavras
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Exigências do texto escrito - A criação de lógica

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Mensagem por Selina Qua Fev 18, 2009 9:53 am

Exigências do texto escrito
Nunca é dentais ressaltar a importância do rigor, da precisão e da objetividade em um texto escrito. Enquanto oralmente podemos nos valer de gestos, de expressões faciais, da entonação e do timbre da voz para transmitir o que sentimos, pensamos e julgamos, na escrita dependemos apenas das palavras.

Daí a necessidade de uma preocupação com a escolha das palavras e com a maneira de organizá-las na frase. Afinal, o destinatário, não estando presente no momento da elaboração da mensagem, não pode pedir esclarecimentos nem manifestar suas dúvidas. Assim não nos é dado escolher novas formas para expressar o que tínhamos em mente, como o faríamos se notássemos na expressão do interlocutor um ar de incompreensão ou de discordância.

Por isso, não se admite, num texto escrito, ambigüidade, trechos confusos, escolha inadequada do vocabulário, termos desconexos, falta de nexo entre orações e parágrafos, incoerência na exposição de idéias. Afinal, um texto escrito pode ser relido, refeito, repensado, corrigido. E essa vantagem deve ser explorada ao máximo.

Leia com atenção o texto a seguir, que aborda de maneira rápida e sucinta alguns aspectos importantes a serem observados quando escrevemos, e depois responda às questões proposta.

A lógica pode fugir do texto

Escrever apressadamente, sem raciocinar, torna incompreensível o que se quer dizer.

Texto bom e legível é aquele no qual as palavras estão adequadamente dispostas na frase, se possível com elegância e precisão, mas sempre com clareza e objetividade. Uma segunda condição exige que as idéias não deixem margem a dúvidas. Ou seja, atendam aos princípios elementares da lógica.

Embora óbvios, estes requisitos muitas vezes deixam de ser respeitados, os conceitos se confundem na cabeça das pessoas e o raciocínio nem sempre flui com clareza. Em recente mesa-redonda de televisão, por exemplo, um comentarista pontificava: O jogador precisa aperfeiçoar seu defeito de chutar mal em gol. Isto é, chutar ainda pior? Para ficar no campo de futebol, há pouco tempo, durante o julgamento do jogador Neto, um dos seus defensores proclamou: Hei de gritar com todos os meus pulmões... Só faltou explicar com quantos.

O rádio, especialmente, favorece o aparecimento de construções que não se podem considerar um primor de lógica. Afinal, falta tempo para pensar. Por isso, um apresentador razoavelmente articulado repetiu, há dias: Os aposentados que têm o final 7. Evidentemente ele cogitava dos carnês.

Muitas vezes a impropriedade se transforma claramente em erro. Como, por exemplo: O relâmpago atingiu o fio do ônibus. O que atingiu foi o raio. Da mesma forma, nunca escreva: Havia cem pessoas no féretro. O féretro é o caixão e não o cortejo. Evite ainda a forma: a geada caiu. A geada se forma, não cai (é o resultado do congelamento das gotas de orvalho).

Há casos em que se tenta estabelecer uma oposição que não existe, como na frase seguinte: O empresário não conseguiu vender sua televisão , mas, em compensação, também não conseguiu rolar até agora a sua dívida com o Banco do Brasil. A expressão em compensação estaria correta se ele tivesse conseguido rolar sua dívida.

Em grande parte das situações, o que existem são orações mal construídas. Uma delas: Vendas de brinquedos continuam devagar. O continuam pede adjetivo (lentas, por exemplo) e não um advérbio como devagar. O problema pode ainda ser uma palavra indevidamente escolhida: O povo não tem credibilidade no governo (pretendia-se dizer confiança, com certeza, e não credibilidade)./ A turma não tem dinheiro até para tomar chope (a forma correta seria nem para tomar chope).

Já se tratou nesta coluna da imprecisão que às vezes os títulos de notícias introduzem. Eis mais dois exemplos: Brasileiros irregulares em Miami já são 8 mil./ DETRAN vai reprimir ônibus irregulares. Em ambos os casos, a situação dos brasileiros e dos ônibus é que é irregular. E não eles em si.

Enfim, nada que um pouco de raciocínio e bom senso não resolvam. (Eudardo Martins - O Estado de S. Paulo, 28/11/91)

( in Delmanto, Dileta - Escrevendo Melhdor, 8ª série, São Paulo, Editora Ática, 1995.)
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